
Coleção Estudos
Nas malhas da consciência
Igreja e Inquisição no Brasil
de Bruno Feitler
em co-edição com Alameda Editorial
ISBN: 978-85-98325-47-7
292 pp. R$ 38,00
Este é um livro que se destaca, em nossa historiografia, pela sua originalidade. Originalidade temática, documental e, sobretudo, na concepção do objeto. Pois se é verdade que as pesquisas sobre a história inquisitorial no Brasil cresceram muito nas últimas décadas, em número e qualidade, poucos têm focalizado os aspectos propriamente institucionais e políticos da ação inquisitorial.
De modo geral, têm prevalecido estudos sobre os hereges perseguidos pela Inquisição, em especial sobre os cristãos-novos, sempre suspeitos de judaizar, mas também sobre as feiticeiras, sodomitas, solicitantes, fornicários, blasfemos. Uma plêiade de desviantes, cujas heresias eram temperados pelas mesclas culturais típicas do “viver em colônias”.
A abordagem de Feitler é diferente. Desloca o foco para a própria máquina inquisitorial, priorizando Pernambuco como cenário. O livro expõe, em detalhe, os instrumentos de atuação do Santo Ofício na capitania desde o século XVI ao XVIII, o que permite ao leitor acompanhar o crescente adensamento deste sistema de vigilância das consciências. Apresenta, igualmente, a formação dos quadros, a rede de familiares e comissários que tornou possível a ação do Santo Ofício em terra tão avessa à ortodoxia católica. Desvenda a estreita conexão entre ação inquisitorial e justiça eclesiástica, sublinhando o papel decisivo do episcopado no rastreamento das heresias.
O leitor que presume ter a ação inquisitorial em Pernambuco se limitado à visitação quinhentista, vai se deparar com um sistema muito mais complexo, quer do ponto de vista jurídico-administrativo, quer do ponto de vista político.
Trata-se de um livro de história institucional que, no entanto, se desdobra em historia social e política. Basta citar, como exemplo, o enfrentamento da questão sobre o não estabelecimento, no Brasil, de um tribunal do Santo Ofício, embora a máquina montada na colônia tenha dado conta do recado.
Bruno Feitler nos mostra como e por que isto se deu, ancorado em farta pesquisa arquivística e bibliografia impecável. De modo que este livro cumpre o que mais se pode desejar de uma pesquisa histórica. Ele traz muitas novidades, e o faz com consistência, erudição e elegância.
Ronaldo Vainfas
Professor Titular de História Moderna
Universidade Federal Fluminense

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Leitura
As línguas do paraíso
Arianos e semitas: um casamento providencial
de Maurice Olender
prefácio: Jean-Pierre Vernant
tradução: Bruno Feitler
ISBN: 978-85-60584-04-8
258 pp. R$ 41,00
A espantosa história da filologia comparada do século XIX, intimamente ligada à ciência das religiões e contada por Maurice Olender no respeito de toda sua complexidade e contradições.
JACQUES LE GOFF
Um dos livros mais bonitos que conheço sobre o tema (…) extraordinário e que cito com frequência.
UMBERTO ECO
Referência incontornável, AS LÍNGUAS DO PARAÍSO, do arqueólogo e filólogo Maurice Olender, foi traduzido em mais de doze idiomas e foi premiado pela Academia francesa em 1990.
Como famosos eruditos puderam passar do estudo da linguagem para a formulação de uma teoria das raças?
O autor mostra como isso não se deu por meio de métodos científicos, mas pelo tradicional prisma religioso e, mais tarde, nacionalista, que serviu finalmente de base para os acontecimentos mais horripilantes da nossa história recente.

A invenção da terra
de Franco Farinelli
tradução: Francisco Degani
ISBN: 978-85-60584-03-1
142 pp. R$ 27,00
Antes da invenção dos aviões, nunca ninguém havia visto o mundo do alto, até o alpinismo é uma experiência recente. Contudo, a cartografia desenvolveu-se desde a Antiguidade e não foi um processo nada simples, linear ou compartilhado. Farinelli nos explica quanto trabalho, pesquisa e fantasia foram precisos para construir uma visão de mundo. (da nota de Sergio Valzania)
A INVENÇÃO DA TERRA conta em linguagem instigante e acessível a história da percepção que temos do território, da extensão da terra e do universo. Desde os relatos fundadores da Bíblia até o tempo dos satélites, o livro conta como essa percepção se transformou, e quais foram as consequências para o modo como vemos hoje o viver no mundo.
Quando o mundo era muito menor, em grande parte desconhecido, os territórios conhecidos eram apenas uma antecipação parcial de outros terrenos misteriosos e as representações da Terra tinham, provavelmente, outra função, ou a mesma de maneiras diferentes. Eram mapas, mas do quê? A Terra, pode-se dizer, ainda era Cosmo, e passível de ser representada mais como uma ordem provida de sentido do que como uma mera extensão.
A evolução da geografia – do Gênesis e do Enuma Elish babilônio até a cartografia moderna – surge como a história de um progressivo desencanto: do Mundo à carta geográfica. O autor mostra como, através de cosmogonias, cosmologias e cosmografias, o vago e mítico universo-total, lenta e laboriosamente, pariu a Terra.

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